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Retomada pós-enchente no Vale do Taquari une órgãos estaduais

Governo apresenta um balanço das ações realizadas

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Lajeado foi um dos municípios mais atingidos pela cheia do Taquari - Foto: Maurício Tonetto/Secom
Por Texto: Thales Moreira/Secom Edição: Vitor Necchi/Secom

Há um mês, o Rio Grande do Sul foi atingido pelo que veio a ser a maior catástrofe natural dos últimos 40 anos. Desde 4 de setembro, o governo do Estado atuou para mitigar os efeitos das enchentes que assolaram 107 municípios gaúchos, mobilizando centenas de servidores para trabalhar no resgate das pessoas atingidas e iniciar a reconstrução.

De imediato a estrutura do governo concentrou seus esforços no Vale do Taquari. Já no dia seguinte, 5 de setembro, o governador Eduardo Leite esteve em Lajeado acompanhando os resgates e verificando o alcance da destruição. No dia 6, marcou presença em Roca Sales, e o mesmo se repetiu nos municípios mais atingidos. 

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Leite esteve nos municípios mais atingidos, como Muçum, para ter a dimensão dos estragos e se solidarizar com os atingidos - Foto: Gustavo Mansur/Secom

Para agilizar as respostas e decisões importantes que precisavam ser tomadas com presteza, o Estado montou um gabinete de crise e uma força-tarefa na sede da prefeitura de Encantado, situada entre as duas cidades mais gravemente afetadas, Muçum e Roca Sales. Nesse local, o vice-governador Gabriel Souza, com apoio da Casa Militar/Defesa Civil Estadual, liderou o trabalho das forças de segurança e das secretarias de Assistência Social (SAS), de Comunicação (Secom), de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano (Sedur), da Educação (Seduc), de Habitação e Regularização Fundiária (Sehab), do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), de Obras Públicas (SOP) e de Serviços Penal e Socioeducativo (SSPS). Os profissionais se dedicaram para atender prontamente as localidades afetadas, com foco na assistência emergencial e na garantia do atendimento das necessidades mais urgentes.

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O vice-governador comandou o Gabinete de Crise instalado na sede da prefeitura de Encantado - Foto: Joel Vargas/Ascom GVG

Com o envolvimento das secretarias, apurou-se a situação dos locais escolhidos para abrigar quem precisasse e das casas atingidas pelas águas. A partir dos dados levantados, o governo pôde trabalhar na qualificação dos abrigos, para dar dignidade à população que fazia uso, e determinar a real dimensão dos estragos provocados, apoiando os projetos de construção de moradias temporárias.

A retomada também foi apoiada por meio de parcerias com organizações privadas para desenvolver projetos em prol da população desabrigada e desalojada. Essa cooperação entre os setores público e privado demonstrou a importância da solidariedade e união durante momentos de crise.

Além disso, com vistas a garantir a transparência na gestão de doações recebidas, o governo criou uma conta bancária com administração compartilhada entre Poder Público e entidades privadas. Dessa forma, foi assegurado que as doações em dinheiro via pix fossem direcionadas de maneira eficaz e transparente, beneficiando quem realmente precisa.

O detalhamento das ações desenvolvidas pelos diversos órgãos públicos e parceiros privados destaca os esforços conjuntos com o intuito de aliviar o sofrimento das comunidades afetadas e abreviar o início do processo de retomada. Por meio destas atitudes, o governo buscou auxiliar seus cidadãos em um momento tão difícil e delicado, demonstrando que, juntos, as adversidades mais desafiadoras podem ser superadas.

Primeiros momentos

A Casa Militar, por meio da Subchefia de Proteção e Defesa Civil, emitiu 84 informações relevantes e alertas meteorológicos e hidrológicos, com equipes trabalhando 24 horas por dia. Imediatamente após o comunicado das enchentes, deflagrou as medidas de apoio aos municípios atingidos com ações de resposta e ajuda humanitária. Forças de resposta, órgãos públicos, voluntários e grupos organizados foram mobilizados para ações de resgate. Nos momentos iniciais, o órgão estabeleceu um Gabinete de Crise em Porto Alegre para coordenar as ações junto às comunidades afetadas. Posteriormente, transferiu a atuação para Encantado, trabalhando de maneira integrada aos representantes de outros órgãos estaduais que também atendiam ali.

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O Palácio Piratini foi um dos locais de arrecadação de doações - Foto: Gustavo Mansur/Secom

Para receber as doações, foram estabelecidas bases de apoio logístico em Lajeado, para apoiar a Central de Doações, localizada em porto Alegre. A região recebeu até o final de setembro, aproximadamente, 416 toneladas de alimentos, 70 mil litros de água potável, 43 mil litros de leite, 2 toneladas de ração animal, 25 mil itens de roupas (agasalhos, cama e banho) e 10 mil equipamentos de proteção individual (EPIs), além de fraldas infantis e geriátricas, colchões, móveis, utensílios e eletrodomésticos.

Por meio da Divisão de Convênios, a Defesa Civil auxiliou 50 municípios na produção de documentos para decretações de Situação de Emergência e processos para buscar recursos da União. Destes, 22 já foram atendidos, com o repasse de mais de R$ 14 milhões para ações de resposta e restabelecimento. A consultoria aos municípios continua sendo prestada, em trabalho transversal com outras instituições. Além disso, a Defesa Civil atuou no gerenciamento de abrigos, apoio ao restabelecimento de serviços essenciais (energia, abastecimento de água, comunicações), executou a articulação entre órgãos municipais e estaduais para ações de resposta e centralizou a gestão das informações do Estado.

A Casa Civil atuou na criação de um Comitê Gestor para coordenar a distribuição de parcelas de recursos doados via pix. Os valores foram recebidos por meio da conta do SOS Rio Grande do Sul, instituída para este fim específico, e que tem administração partilhada entre o Poder Público e entidades privadas.

A Secretaria de Comunicação (Secom) divulgou dados atualizados sobre as ações do governo e doações. A fim de concentrar as informações essenciais sobre locais de doação, principais necessidades, voluntariado e prevenção de fraudes e golpes, a pasta lançou o site SOS Enchentes.

Após uma avaliação que apontou a possibilidade de que os números da população em abrigos estivessem superestimados, em decorrência da alta rotatividade e quantidade de pessoas, a SAS passou a realizar monitoramentos diários. Com o tempo, o número de desabrigados diminuiu, indicando que as pessoas estariam preferindo se deslocar para casas de amigos ou parentes.

Durante as ações nas cidades afetadas pela enchente, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) mobilizou mais de 12 mil servidores das forças de segurança. A Brigada Militar empregou um efetivo de 8.839 brigadianos e 3.033 viaturas para auxiliar na prestação de atendimento nas localidades. O Corpo de Bombeiros Militar deslocou, durante todo o período, um efetivo de 3.161 bombeiros, um helicóptero e 65 viaturas para participar das ações de busca e atendimento, contando também com o trabalho de dez binômios homem-cão do Rio Grande do Sul e mais 16 de outros Estados. A Polícia Civil disponibilizou 631 policiais, 200 alunos, 157 viaturas, dois caminhões, dois ônibus, um helicóptero e dois barcos para auxiliar nos trabalhos no Vale do Taquari.

Habitação

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A expressiva quantidade de casas destruídas pelas águas exigiu esforços concentrados para o encaminhamento de soluções - Foto: Gustavo Mansur/Secom

Vistorias realizadas pelo Gabinete do Vice-Governador, pela Defesa Civil e SOP, SAS e Sehab nos locais que abrigaram os atingidos pela enchente demonstraram a necessidade de realizar melhorias. A partir disso, executou-se um plano de qualificação para dar condições mínimas de dignidade às pessoas que ainda precisavam se manter nos abrigos. Foram instalados contêineres para banheiros com chuveiro e outros itens de higiene, divisórias, áreas de convivência e alimentação e espaços específicos para animais de estimação.

Com vistas a dimensionar o problema e, a partir disso, fornecer soluções adequadas, houve coletas de dados nos 20 municípios com calamidade decretada. Para identificar a real situação habitacional das famílias, a SAS, em conjunto com o Escritório de Desenvolvimento de Projetos (EDP), elaborou um formulário que foi aplicado por agentes locais do Serviço Único de Assistência Social (Suas), voluntários e técnicos de outros órgãos estaduais, da Emater/RS-Ascar e de secretarias municipais.

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Cadastramento foi feito para identificar a real situação habitacional das famílias - Foto: Luís André Pinto/Secom

Em ação coordenada pela Sedur, profissionais de engenharia da Associação de Engenheiros e Arquitetos do Vale do Taquari, do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (Crea-RS) e das universidades do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), do Vale do Taquari (Univates), La Salle (Unilasalle) e de outras instituições realizaram vistorias em Muçum e Roca Sales, os municípios mais atingidos pela enchente. A ação consistiu em avaliar preliminarmente a situação das moradias, classificando-as em quatro categorias, conforme o risco apresentado.

Para a segunda fase do levantamento georreferenciado, devido à necessidade de uma avaliação técnica mais detalhada, a Sedur lançou um edital para credenciamento de profissionais prestadores de serviços de avaliação de imóveis urbanos e rurais. Publicado pela Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), por meio da Central de Licitações (Celic), o instrumento permite o credenciamento de pessoas físicas e jurídicas. Aproximadamente 120 profissionais e empresas se inscreveram e 71 foram habilitados. Destes, 30 já receberam lotes para realizar a prestação do serviço.

A partir dos dados coletados, a coordenação do Gabinete de Crise orientou a formulação de políticas públicas assertivas, também levando em consideração a atuação dos municípios e da União para maior efetivação e integração das ações. Para atender de maneira permanente os afetados e reconstruir as cidades, o programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), em sua modalidade calamidade, foi escolhido como melhor alternativa.

O programa estende o subsídio do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) para a faixa 2 do MCMV, que inclui famílias com renda bruta mensal de até R$ 4,4 mil. A medida se dá por haver entendimento de que, mesmo não estando nas faixas de extrema pobreza e pobreza, essas famílias também precisam de ajuda para reconstruir sua habitação.

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Muçum foi um dos municípios mais afetados pelas águas que transbordaram do rio Taquari - Foto: Gustavo Mansul/Secom

Devido ao tempo para que todo o processo ocorra, do planejamento à entrega das unidades habitacionais, o programa não seria adequado para atender às famílias no curto e médio prazo. Para isso, o governo instituiu o Aluguel Social, que consiste na transferência mensal de R$ 500 para famílias que se encontram no Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal e que estão desabrigadas nos 11 municípios onde houve casas destruídas: Arroio do Meio, Colinas, Cruzeiro do Sul, Encantado, Estrela, Lajeado, Muçum, Roca Sales, Santa Tereza, Taquari e Venâncio Aires.

Porém, outra política se fez necessária, visto que alguns dos municípios foram tão afetados ao ponto de não haver imóveis disponíveis para aluguel que pudessem atender a todos os desabrigados e desalojados. Assim, uma parceria entre Sehab, municípios e entidades privadas possibilitará a construção de habitações temporárias. As unidades habitacionais terão método construtivo ágil, para que a entrega ocorra brevemente. Além disso, também será realizada a doação da linha branca (geladeira, fogão etc.) por uma empresa a ser indicada pelo Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), permitindo uma maior tranquilidade na retomada da vida destas pessoas.

Educação

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A Escola Moinhos, em Estrela, conseguiu retomar as atividades em suas instalações - Foto: Gustavo Mansur/Secom

Na Educação, com base em informações atualizadas diariamente, a Seduc, juntamente com a SOP, a Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo (SSPS), a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) e a Defesa Civil, buscou soluções para o retorno mais breve possível dos alunos para as salas de aulas. Durante as duas semanas de atuação presencial do Gabinete de Crise, 13 escolas conseguiram retomar o funcionamento: 11 continuaram em suas próprias instalações e duas foram realocadas temporariamente em outras instituições. Dessa forma, 3.396 dos 4.086 alunos afetados pela situação já retornaram a suas rotinas estudantis. Para ajudar na adaptação, foi criado um protocolo de ação para acolhimento pós-psicotrauma, com formação das equipes escolares, da Coordenadoria Regional de Educação (CRE) e dos professores.

Para auxiliar na reposição do mobiliário escolar, o governo destinou R$ 2 milhões. No total, nove escolas do Vale do Taquari receberão este recurso: Colégio Presidente General Castelo Branco e Escola Estadual Fernandes Vieira, em Lajeado; Escola Padre Domenico Vicentini e Escola Antônio de Conto, em Encantado; Escola General Souza Doca, em Muçum; Escola Padre Fernando, em Roca Sales; Escola Mariante, em Venâncio Aires; Escola Padre Vicente Rodrigues, em Santa Tereza; e Escola Moinhos, em Estrela.

Além disso, a Seduc destinou kits escolares próprios e recebidos por meio de doações para repor os materiais dos alunos, bem como ferramentas pedagógicas (quadros, jogos, livros didáticos etc.) e itens de tecnologia da informação e comunicação (TIC). Também foram necessárias ações para a reposição da merenda escolar perdida durante a enchente.

Retomada

Com o intuito de apoiar os municípios mais afetados na elaboração de levantamentos, laudos e planos de trabalhos para acesso aos recursos federais, foi instituído o Escritório de Projetos de Restabelecimento e Reconstrução (EP2R). Assim, verbas disponibilizadas pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), por meio da Defesa Civil Nacional, podem ser solicitadas com a submissão dos planos de trabalho no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID).

A Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) disponibilizou a utilização de horas-máquina previamente contratadas pela pasta. Para os municípios de Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul, Encantado, Muçum, Roca Sales e Santa Tereza foram destinados o equivalente a R$ 7 milhões em horas-máquina, e Colinas, Estrela, Lajeado e Venâncio Aires devem receber R$ 2,4 milhões ainda nesta semana. Para Cruzeiro do Sul, Muçum e Roca Sales foram cedidas quatro máquinas de forma emergencial.

Por meio do programa Volta por Cima – Enchentes, o governo destinou R$ 25 milhões para as famílias desalojadas, desabrigadas ou atingidas. Até o momento, já foram pagos R$ 1,25 milhão no primeiro lote e R$ 1,45 milhão no segundo, totalizando R$ 2,7 milhões para 1.279 famílias. A fim de agilizar o processo de cadastramento no programa, a SAS realizou um mutirão durante um fim de semana. No total, foram realizados 627 cadastros, sendo 379 em Muçum e 248 em Roca Sales.

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Apenados trabalharam na recuperação da Escola Municipal Lagoa Azul, em Encantado - Foto: Divulgação Susepe/SSPS



Após a enchente, a Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo (SSPS) e a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) convocaram apenados para auxiliar na limpeza e desobstrução das ruas dos municípios, de escolas e de sedes da Brigada Militar e Delegacia da Polícia Civil, com apoio de servidores. Itens produzidos por pessoas privadas de liberdade, como pães, esteiras térmicas, casinhas para animais de estimação, roupas íntimas e brinquedos, também foram entregues durante as ações.

Além disso, servidores e veículos de diversas unidades prisionais deram apoio logístico e ajudaram na arrecadação de mantimentos. As doações também incluíram materiais escolares doados pelos servidores da Susepe.

Para recuperar as 30 estradas bloqueadas e cinco pontes destruídas, a Secretaria de Logística e Transporte (Selt) trabalhou na identificação de soluções ágeis para possibilitar o retorno da circulação pelo Estado. Até o momento, 24 estradas já foram liberadas, após limpeza e remoção de pedras, entulhos e árvores. Também teve recuperação asfáltica nos locais em que as condições climáticas permitiram. Além disso, a Selt tem auxiliado os municípios na busca por recursos de recuperação de pontes prejudicadas pelas chuvas.

Meio ambiente

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Prefeituras, como a de Santa Tereza, receberam orientação sobre a gestão dos resíduos gerados pelo desastre climático - Foto: Gustavo Mansur/Secom

A Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), por meio da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), atuou para orientar as prefeituras na gestão dos resíduos gerados pelo desastre climático. Na Sala de Situação, vinculada à pasta, diariamente são formulados modelos atmosféricos e hidrológicos que estimam volumes de chuva e trechos de rios sujeitos à inundação, emitindo alerta à Defesa Civil quando há previsão de evento crítico. A Sema também realizou vistorias em barramentos e reservatórios de águas em diferentes regiões do Estado.

A Fepam suspendeu, por 90 dias, os prazos para renovação de licenças, juntadas de documentos, relatórios, condicionantes e exigências do licenciamento ambiental, independentemente da fase em que os processos se encontram. Até o momento, 490 empresas da região já tiveram suas licenças de operação prorrogadas automaticamente, abrindo espaço para que os empreendimentos concentrem esforços no trabalho de retomada da produção.

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Ações foram tomadas para garantir o bem-estar de animais atingidos pelas enchentes - Foto: Rodrigo Ziebell/Ascom GVG

A Sema apoiou ações de voluntariado organizadas pela Defesa Civil nos municípios de Encantado, Muçum e Roca Sales. Também identificou demandas e necessidades básicas, com o objetivo de garantir o bem-estar de animais atingidos pela enchente.

Na infraestrutura, intermediou junto às concessionárias de energia, saneamento, abastecimento e telefonia para que os serviços pudessem ser restabelecidos o mais breve possível, de forma prioritária e ordenada. E uma série de medidas instrutivas foram publicadas pela Fepam, com orientações sobre ações por parte dos municípios.

Em parceria com a Sema e Defesa Civil, a Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict) atuou no desenvolvimento de novas estratégias com foco na gestão de riscos de desastres naturais.

Trabalho e economia

Com foco na aquisição de máquinas e equipamentos ou para repor os que foram deteriorados ou destruídos, a Secretaria da Fazenda (Sefaz) isentará as transações do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e do Diferencial de Alíquota (Difal), que se refere à diferença entre o imposto do Estado originário e do de destino da mercadoria. A medida já foi aprovada pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) e deve ser publicada em decreto estadual.

A Sefaz também prorrogou o pagamento do Simples Nacional, após aprovação do Comitê Gestor do Simples Nacional. Todos os prazos foram estendidos para o ano de 2024, sendo que aqueles com vencimento em setembro passam a vencer em março, os de outubro, em abril e os de novembro, em maio. Além disso, não será exigido o estorno de crédito tributário relativo a estoque de mercadorias extraviadas, perdidas, furtadas, roubadas, deterioradas ou destruídas.

O Banrisul anunciou medidas que somam R$ 1 bilhão em linhas especiais de crédito. Para o setor agropecuário, o banco destinou R$ 300 milhões, com especial atenção aos pequenos produtores inseridos no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Para apoiar a reestruturação econômica, uma linha de crédito disponibilizará R$ 100 milhões para financiamento de giro de longo prazo, com preferência para microempresário individual (MEI) e micro, pequenas e médias empresas.

Outros R$ 100 milhões serão destinados para operações de construção e reformas de casas, com condições diferenciadas. Para auxiliar as prefeituras na retomada, o Banrisul disponibilizará R$ 500 milhões, como forma de acesso antecipado aos valores de compensação pelas perdas, encaminhados pela União.

O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) permitirá que as empresas que tiveram seus negócios prejudicados pela enchente suspendam por um ano o pagamento de empréstimos. A medida contemplou mais de 1,6 mil clientes. Além disso, o BRDE busca viabilizar linhas de crédito emergencial para retomada das atividades.

Uma força-tarefa liderada pelo governo do Estado, com a participação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), Junta Comercial do Estado (JucisRS), Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Profissional (STDP) e apoio do Sebrae-RS, conduziu a avaliação dos danos causados pelas enchentes às empresas no Vale do Taquari. A pesquisa abrangeu 1.301 empresas, das quais 93% foram diretamente afetadas pelas enchentes.

Os setores mais atingidos são o comércio e serviços, representando 43% cada, enquanto a indústria compreendeu 14%. Quanto ao porte, 35% das empresas são microempreendedores individuais (MEI), 59% microempresas ou empresas de pequeno porte (ME e EPP) e 6% de outros portes.

Os prejuízos totais atingiram a marca de R$ 420 milhões, com destaque para o setor industrial. A pesquisa revelou que quatro em cada dez empresas tiveram perdas de até 50% de sua estrutura, sendo que 23% enfrentaram perda total de maquinários e estoques e 75% não tinham nenhum tipo de seguro. Até o momento, 32% das empresas já retomaram suas atividades e 16% não têm previsão de retorno.

Em Brasília, ocorreu uma reunião no Ministério do Trabalho e Emprego com as secretarias de Trabalho e Desenvolvimento Profissional e de Planejamento, Governança e Gestão, para deliberar sobre medidas de auxílio a empresas e trabalhadores afetados pelas enchentes. Durante a reunião, foi acordada a formação de um grupo de trabalho composto por especialistas do ministério e do Estado, com o objetivo de elaborar ações conjuntas e imediatas voltadas para a preservação do emprego e da renda de milhares de trabalhadores, principalmente nos 20 municípios que se encontram em estado de calamidade pública. Uma das propostas discutidas foi a solicitação da criação de um auxílio emergencial para os trabalhadores dessas áreas atingidas pelas chuvas, com financiamento proveniente do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

A Secretaria de Turismo (Setur) tem apoiado a atividade turística como forma de retomada do emprego e renda na região, a fim de evitar que a situação de vulnerabilidade da população se agrave mais. Entre as medidas, a pasta tem incentivado a retomada do Trem dos Vales. Além disso, incentivou a doação de itens de cama, mesa e banho por entidades da rede hoteleira e de valores em dinheiro na conta oficial do SOS Enchentes. Com o Sebrae, a Setur trabalha para incentivar o retorno das empresas turísticas locais, valorizando e qualificando a oferta turística.

Saúde

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Hospital de Roca Sales foi reaberto em 2/10, oferecendo todos os serviços disponíveis antes da enchente - Foto: Divulgação SES

A Secretaria da Saúde (SES) repassou R$ 1,4 milhão para custeio de sete hospitais em Arroio do Meio, Dois Lajeados, Encantado, Estrela, Lajeado, Muçum e Roca Sales. Outros R$ 5,4 milhões foram destinados em parcela única para 43 municípios com situação de emergência decretada e com mais de 1% da população atingida pelas enchentes, com valores variando de R$ 50 mil a R$ 150 mil, conforme o número de habitantes. Para os municípios que foram completamente devastados houve um incremento de R$ 300 mil.

Para reconstrução de hospitais e unidades básicas de saúde afetadas, a SES destinou R$ 10 milhões. Os recursos também servirão para aquisição de equipamentos e mobiliário. Somente para o Hospital Roque Gonzales, de Roca Sales, foram repassados R$ 150 mil e R$ 400 mil para a Secretaria Municipal de Saúde. Dos R$ 20 milhões aportados como recursos extraordinários para restabelecer os serviços de saúde, R$ 16,8 milhões serão liberados imediatamente e outros R$ 3,2 milhões em repasses futuros.

A secretaria também trabalhou com o repasse para os municípios de kits de medicamentos do Ministério da Saúde e insumos próprios, bem como com a gestão de voluntários da área da saúde e acompanhamento de equipes de saúde mental em parceria com universidades.

Cultura

A Secretaria da Cultura (Sedac) mobilizou artistas e escritores para gravação de vídeos incentivando a doação por meio de pix, livros e itens de necessidades básicas nos pontos de arrecadação. Também realizou campanha de doação de livros, com objetivo de recompor acervos danificados. As doações recebidas aguardam o mapeamento pelo Sistema Estadual de Biblioteca, que definirá os locais com necessidades mais expressivas.

Como forma de amenizar o sofrimento da população atingida, a pasta tem realizado ações culturais em abrigos e parques das cidades. Semanalmente, em parceria com a Fundação Marcopolo, leva oficinas, shows e brincadeiras infantis para as localidades.

Além disso, a Sedac ampliou o prazo de inscrição para editais da Lei Paulo Gustavo (LPG), que agora permite até 10 de outubro o cadastro de projetos para oito dos nove editais. O edital Ecossistemas Regionais de Audiovisual dá novo prazo até 25 de outubro e o Banco de Avaliadores teve o período de inscrições reaberto até 25 de setembro. Serão selecionados até 420 projetos, com valores entre R$ 50 mil e R$ 4 milhões. Os projetos já aprovados em editais de Chamada Pública de Co-investimento Fundo de Apoio à Cultura (FAC) e da Lei de Incentivo à Cultura (LIC) também tiveram prazos de execução flexibilizados nos municípios atingidos.

Emissão de documentos

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O IGP fez mutirão para atender os habitantes de Encantado, Muçum e Roca Sales - Foto: Gustavo Mansur/Secom
 Para auxiliar na emissão de documentos perdidos durante a enchente, o Instituto-Geral de Perícias (IGP-RS) realizou mutirão para atender os habitantes de Encantado, Muçum e Roca Sales. Desde o início da força-tarefa foram solicitadas 347 carteiras de identidade em Muçum, 708 em Roca Sales e 572 em Encantado, um total de 1.627 documentos de identificação sendo emitidos gratuitamente para as comunidades afetadas.

O Detran-RS também trabalhou com mutirão para emitir a segunda via da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) em Cruzeiro do Sul, Encantado, Estrela, Lajeado, Muçum e Roca Sales. Até o final de setembro, fora emitidas 106 novas vias do documento nas seis cidades.

 

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