O Perfil do Servidor do CAFF de maio conta a história de uma mulher que trabalha para aquecer famílias no inverno
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Quem doa roupas, calçados e brinquedos em um dos 300 postos de coleta da Campanha do Agasalho do Governo do Estado dá o primeiro passo para ajudar as famílias que passam frio. O segundo passo fica por conta de pessoas como a Sargento Jurema Mattos, que se encarrega de juntar pares de calçados, montar kits de enxoval para bebês, entre outras coisas. A coordenadora da Central de Doações da Defesa Civil no Centro Administrativo Fernando Ferrari (Caff) se reveza entre o trabalho no meio das pilhas de doações e o escritório, de onde faz contato com empresas que realizam grandes doações, atende prefeituras e entidades. Volta e meia corre para tirar as luvas e os tênis e sai para participar de alguma reunião.
O dinamismo de Jurema é fundamental para o trabalho na central, com uma equipe de quatro pessoas e eventuais voluntários. Além de multitarefa, ela tem um elemento essencial para quem trabalha com o social: vocação. Em seu currículo constam passagens pelo PM Mirim, projeto da Brigada Militar que oferece a prática de atividades socioculturais e esportivas com orientação específica para alunos em vulnerabilidade social, em turno inverso ao escolar, de 2006 a 2010 pelo projeto Agente Mirim da Defesa Civil, no verão de 2011/2012, projeto semelhante realizado no período das férias. Hoje Jurema é chefe do grupo de escoteiros Browsea, do Colégio Marista Assunção, do qual seu filho faz parte. Ela realiza atividades com o grupo nos sábados à tarde e uma vez por mês acampa com eles. Além de dedicar o tempo de folga, desembolsa valores para pagar uma ou outra despesa para os integrantes que não têm.
O mesmo comportamento está sendo ensinado ao filho Pedro, de 14 anos. "Ele tem este espírito de ajudar os outros. Há uns dias, ele ganhou uma mochila em um sorteio e deu para um amigo que estava precisando". Perguntada sobre de onde vem a necessidades de ajudar, a Sargento conta que teve uma infância muito humilde, que não pode estudar, fazer as coisas que os jovens têm oportunidade hoje em dia. "Venho de uma família de agricultores. Estudei até os 10 anos de idade e depois tive que trabalhar. Voltei a estudar com 18 anos e em seguida entrei para a Brigada Militar", detalha.
Além de ter um dia a dia bastante movimentado, Jurema eventualmente trabalha nos finais de semana e à noite, exceto em casos urgentes, como por exemplo, no incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, e no rompimento do dique que causou alagamento, no bairro Sarandi, em Porto Alegre. No caso de Santa Maria, Jurema lembra que nunca recebeu tantas visitas de jovens querendo auxiliar. "As pessoas doavam medicação, luvas cirúrgicas, soro, etc. Ficávamos ate às 21h aqui. Eram 30, 50 pessoas por dia. Acho que os jovens se identificaram com as vítimas. Os familiares que ficavam abrigados na Casa de Passagem, instalada pela prefeitura na Lima e Silva, chegavam com a roupa do corpo aqui em Porto Alegre. tínhamos que conseguir escova de dentes, às vezes uma roupa e lanche", conta.
Jurema conhece presidentes e líderes de várias entidades sociais. "Algumas pessoas já identifico pela voz. Quando um representante de uma instituição liga pela primeira vez e relata uma situação urgente, que estão passando frio, por exemplo, a gente faz uma investigação, para ver se é uma entidade séria", explica. Só na Campanha do Agasalho do ano passado, por exemplo, 158 entidades foram beneficiadas com mais de 1 milhão de unidades de roupas, calçados e acessórios e 30 toneladas de alimentos. A servidora vai trabalhar em sua 4ª campanha este ano.
Foi na época do incêndio da boate em Santa Maria que Jurema teve uma das mais positivas surpresas em seu trabalho. "A coordenadora de um hospital aqui de Porto Alegre me ligou dizendo que estavam com um problema sério de falta de soro. Eu fiz contato com uma das empresas que faz doações para a Defesa Civil e eles providenciaram uma compra muito grande. Fiquei muito feliz e surpresa com o gesto", relembra. O trabalho dela contrasta as histórias de solidariedade com histórias dolorosas, que atingem comunidades inteiras. Para a Sargento o saldo é positivo: "A grandeza de conseguir ajudar as pessoas é a maior satisfação que tenho", finaliza.
Texto - Secretaria de Administração e Recursos Humanos